20/09/2014
Entre os dias 17 e 20 de setembro de 2014 foi realizado, em Brasília, o 63º Congresso Brasileiro de Coloproctologia – especialidade médica responsável pelo diagnóstico e tratamento das doenças que acometem o trato digestório terminal, que compreende o cólon, reto e ânus. Ciente da importância do debate sobre a endometriose, condição clínica que pode afetar os órgãos de interesse do coloproctologista, a comissão científica do evento incluiu na programação importantes discussões sobre a doença.
O Prof. Dr. Frederico Corrêa, diretor do Centro de Excelência em Endometriose, foi convidado para falar sobre as indicações do tratamento cirúrgico da endometriose colorretal, que ocorre de 5 a 10% dos casos de endometriose.
Em sua palestra, o especialista afirmou que o tratamento medicamentoso é efetivo no alívio da dor em grande parte das pacientes e melhora a satisfação de uma forma geral. Em determinados casos, chega até a reduzir a lesão, porém há sempre o retorno da doença quando a medicação é suspendida. Por isso, mesmo com a remissão dos sintomas, 50% das pacientes é submetida à cirurgia.
O tratamento cirúrgico da endometriose colorretal, segundo Frederico Corrêa, é a opção efetiva no manejo dos sintomas da endometriose profunda, mas deve ser avaliado de acordo com o grau de progressão da dor, risco de complicações e o desejo da paciente de engravidar. “Não existe tratamento clínico quando há infertilidade, apenas o cirúrgico”, validou.
Sobre essa questão, Frederico Corrêa mostrou estudos que comprovam que a taxa de sucesso de gravidez é a mesma em mulheres com endometriose colorretal, obstrução tubária (uma das principais causas de infertilidade. A trompa obstruída não consegue conduzir o óvulo do ovário até o útero, impedindo a fecundação e a gravidez) e problemas no sêmen do parceiro, ou seja, esse tipo específico de endometriose não traz maiores prejuízos em relação à fertilidade.
Laparoscopia x Laparotomia – O médico reforçou que a laparoscopia é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado sob efeito de anestesia. Já a laparotomia é uma manobra cirúrgica que envolve uma incisão através da parede abdominal para aceder à cavidade abdominal. “A laparotomia é considerada uma cirurgia desconfortável, agressiva ao organismo e que deixa cicatrizes. Além disso, causa mais dor, o que favorece um retorno tardio às atividades cotidianas. Outra desvantagem da laparotomia em relação à laparoscopia é a probabilidade de infecção. Por isso, a laparoscopia é a cirurgia mais indicada para o tratamento da endometriose”, esclareceu.
Frederico Corrêa fechou a sua apresentação fazendo um alerta aos médicos presentes. “É preciso ter cuidado com a paciente jovem. Muitas vezes ela é submetida a procedimentos de forma equivocada e isso pode comprometer o seu futuro de uma forma geral e também o futuro reprodutivo”.
